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74 itens encontrados para ""

  • Aniversário de Charles Dickens

    Charles John Huffam Dickens foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. No início de sua atividade literária também adotou o apelido Boz. As suas obras gozaram de uma popularidade sem precedentes ainda durante a sua vida e, durante o século XX, críticos e académicos reconheceram-no como um génio literário. Os seus romances e contos são extensamente lidos ainda nos dias de hoje. Apesar de os seus romances não serem considerados, pelos parâmetros atuais, muito realistas, Dickens contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa. Nascido em Portsmouth a 7 de fevereiro de 1812, Dickens saiu da escola aos 12 anos para ir trabalhar numa fábrica de graxa para sapatos. Na altura, o seu pai encontrava-se preso numa prisão civil. Após três anos de trabalho, ele voltou a estudar, tendo depois iniciado uma carreira como jornalista. Dickens foi editor de um jornal semanal durante 20 anos, escreveu 15 romances, cinco livros curtos, centenas de contos e artigos de não-ficção, para além de ter dado seminários e feito leituras ao vivo. Dickens era ainda um escritor incansável de cartas e participou ativamente em campanhas em defesa dos direitos infantis, da educação e de outras reformas sociais. O sucesso literário de Dickens começou com a publicação em série de The Pickwick Papers em 1836. A série tornou-se num fenómeno, em grande parte graças à introdução da personagem de Sam Weller no quarto episódio, e gerou produtos relacionados com a mesma e séries derivadas. Alguns anos depois, Dickens tinha-se tornado numa celebridade literária internacional, famoso pelo seu sentido de humor, sátira e pelas observações sagazes sobre personagens e a sociedade. Os seus romances, a maioria dos quais foi publicada em série mensalmente ou semanalmente, foram pioneiros na publicação em série de ficção, que se tornou no modelo de publicação dominante durante a Era Vitoriana. Os finais em aberto mantinham os leitores em suspense. Este formato também permitia que Dickens avaliasse a reação do seu público e muitas vezes alterava a história e o desenvolvimento das personagens em função das suas opiniões. As suas histórias eram construídas cuidadosamente e muitas vezes Dickens incluía acontecimentos da atualidade nas suas narrativas. Massas de pobres analfabetos tinham por hábito pagar um tostão para que alguém lhes lesse o episódio desse mês, o que inspirou uma nova classe de pessoas a aprender a ler. O seu conto de 1843, A Christmas Carol (Canção de Natal, ou Um Conto de Natal) continua a ser bastante popular e a inspirar adaptações em todos os meios artísticos. Oliver Twist e Great Expectations também são adaptados com frequência e, à semelhança de muitos dos seus romances, evocam imagens da Era Vitoriana em Londres. O seu romance de 1859, A Tale of Two Cities ("Conto das duas Cidades" que tem lugar em Londres e Paris) é a sua obra de ficção histórica mais conhecida. Dickens foi uma das celebridades mais famosas da sua época e era bastante procurado pelo público. No final da sua carreira, Dickens fez várias digressões onde lia as suas obras em público. O termo "Dickensian" é usado para descrever algo que faz lembrar Dickens e as suas obras, como é o caso de condições sociais e laborais precárias ou de personagens cómicas ou repugnantes.

  • Antônio Vieira, o Orador do Brasil

    António Vieira (Lisboa, Sé, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre António Vieira[1] foi um filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. Sua leitura ainda torna-se obrigatória diante da qualidade e do valor expressos no trato com a língua portuguesa. Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi). Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não sendo propriamente um escritor, mas sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros. Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões. A Obra Completa do Padre António Vieira, anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento. Esta publicação em 30 volumes inclui a totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro, e é a primeira edição completa e cuidada de toda a sua vasta produção escrita. Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de investigação e academias científicas, culturais e literárias Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa. Mais de 20 mil fólios e páginas de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil, em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados Unidos da América. Cerca de um quarto da Obra Completa consiste em textos inéditos. Este projeto, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo CLEPUL em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo Círculo de Leitores, com o último volume a ser lançado em 2014. Embora esta seja uma edição portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como parte do projeto.

  • James Joyce, autor do moderno "Ulisses"

    James Joyce foi um famoso escritor irlandês. Ele nasceu em 02 de fevereiro de 1882, em Dublin. De família católica, estudou em escolas religiosas, porém, mais tarde, se tornou agnóstico. Morou na França, na Itália e na Suíça. Além de se dedicar à escrita, atuou como professor. O autor, que morreu em 13 de janeiro de 1941, em Zurique, começou sua carreira literária como poeta simbolista, mas logo aderiu ao movimento modernista. Suas obras apresentam caráter experimental, neologismos e realismo social. Suas narrativas são marcadas pelo monólogo interior, presente em seu famoso romance Ulisses. Inspirado na Odisseia de Homero, Ulysses (1922) é ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904. Tal como o Ulisses homérico, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referências culturais, num caleidoscópio de vozes que tem desafiado gerações de leitores e estudiosos ao redor do mundo.

  • Morte de Shelley, autora de Frankenstein

    Mary Wollstonecraft Shelley, nascida Mary Wollstonecraft Godwin (Somers Town, Londres, 30 de agosto de 1797 – Chester Square, Londres, 1 de fevereiro de 1851), mais conhecida por Mary Shelley, foi uma escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da feminista e escritora Mary Wollstonecraft. Sua obra mais famosa, Frankenstein ou o Prometeu Moderno (Frankenstein: or the Modern Prometheus, no original em inglês), mais conhecido simplesmente por Frankenstein, é um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico, de autoria de Mary Shelley, escritora britânica nascida em Londres. É considerada a primeira obra de ficção científica da história. O romance relata a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais que constrói um monstro em seu laboratório. Mary Shelley escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817, e a obra foi primeiramente publicada em 1818, sem crédito para a autora na primeira edição. Atualmente costuma-se considerar a versão revisada da terceira edição do livro, publicada em 1831, como a definitiva. O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental. O aclamado autor de literatura de terror Stephen King considerou Frankenstein um dos três grandes clássicos do gênero, sendo os outros dois Drácula e Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde. A obra está em domínio público e está disponível gratuitamente na Internet em língua inglesa.

  • Kenzaburo Oe, escritor japonês

    Kenzaburo Oe (em japonês: 大江 健三郎, transl. Ōe Kenzaburō) foi um escritor japonês e uma figura importante na literatura japonesa contemporânea. Ficou conhecido pelo romance Uma Questão Pessoal. Em 1961, as suas novelas Dezassete e A Morte de um Jovem Político foram publicadas por uma revista literária japonesa, ambas inspiradas no jovem de dezassete anos Yamaguchi Otoya que assassinou o presidente do Partido Socialista Japonês em 1960, suicidando-se na prisão três semanas depois. Seus romances, contos e ensaios, fortemente influenciados pela literatura e pela teoria literária francesa e americana, tratam de questões políticas, sociais e filosóficas, incluindo armas nucleares, energia nuclear, não-conformismo social e existencialismo. Ōe participou em campanhas pacifistas e anti-nucleares e escreveu livros acerca dos bombardeamentos nucleares em Hiroshima e Nagasaki e sobre os Hibakusha. No seguimento do desastre nuclear de Fukushima em 2011, apelou ao Primeiro-Ministro Yoshihiko Noda para que fossem cancelados os planos de construção de centrais nucleares e se abandonasse o desenvolvimento de energia nuclear. Ōe afirmou que o Japão tinha a "responsabilidade ética" de abandonar a energia nuclear no seguimento do desastre de Fukushima, tal como tinha abdicado da guerra na sua Constituição pós-Guerra. Em 2013 organizou uma manifestação em Tóquio contra a energia nuclear. Foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1994 por criar "um mundo imaginário, onde a vida e o mito se condensam para formar uma imagem desconcertante da situação humana atual" Wikipedia

  • Dia do Quadrinho Nacional

    Esta celebração foi criada em 1984 pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP). Desde então, a entidade organiza o Prêmio Angelo Agostini, para prestigiar os profissionais brasileiros das histórias em quadrinhos. O dia 30 de janeiro foi escolhido pois, nesta data em 1869, Angelo Agostini publicou na revista Vida Fluminense, (1868-1875), aquela que é tida como a 1ª história em quadrinhos do Brasil: As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte. No mesmo ano, em 14 de março, em comemoração aos 50 anos do lançado do Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen, foi instituído pela Academia Brasileira de Letras e pela Associação Brasileira de Imprensa, que essa data seria o "Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos". Wikipédia

  • Virginia Woolf

    Adeline Virginia Woolf (25/01/1882) foi uma escritora, ensaísta e editora britânica. Estreou na literatura em 1915, com o romance A Viagem (1915), que abriu o caminho para a sua carreira como escritora e uma série de obras notáveis. Woolf foi membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhou um papel de significância dentro da sociedade literária londrina durante o período entre guerras. Seus trabalhos mais famosos incluem os romances Mrs. Dalloway (1925), Ao Farol (1927) e Orlando: Uma Biografia (1928). No final dos anos 1920, tornou-se uma escritora de sucesso e foi reconhecida internacionalmente. Contudo, seus trabalhos caíram no ostracismo após a Segunda Guerra Mundial. Woolf foi redescoberta por conta do livro - ensaio A Room of One's Own (1929), no qual se encontra a famosa citação "Uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu se ela quiser escrever ficção". A partir da década de 70, os estudos sobre Woolf ganharam novo fôlego. Woolf foi uma das precursoras do uso do fluxo de consciência, técnica literária modernista que marcou seu estilo, o de James Joyce e também o de William Faulkner. Com seu trabalho de vanguarda, é uma das autoras mais importantes do modernismo clássico, ao lado de Gertrude Stein. Wikipédia

  • Stendhal, ou Henri-Marie Beyle

    Escritor francês, nasceu em 23 de janeiro de 1783, em Paris (França). Seus romances de formação O Vermelho e o Negro (1830), A Cartuxa de Parma (1839) e o inacabado Lucien Leuwen fizeram dele, ao lado de Flaubert, Victor Hugo, Balzac e Zola, um dos grandes romancistas franceses do século XIX. Em seus romances, Stendhal aborda jovens com aspirações românticas de vitalidade, força de sentimento e sonhos de glória. Seus romances foram classificados como psicológicos na medida em que mostra personagens em constante conflitos entre suas verdadeiras intenções e as máscaras sociais necessárias para alcançar seus objetivos. Esse conflito surge a partir de descrições críticas das convenções sociais burguesas da época e o desprezo que seus personagens sentem por essas convenções, bem como a necessidade de adaptar-se a esse contexto. O estilo de Stendhal é classificado como realista pois transmite a impressão direta de seus personagens sobre o que está sendo vivido no momento da narrativa. Stendhal criou um estilo curto, seco, conciso e com uma cadência irregular que se aproxima do imediatismo da linguagem falada.

  • Edgar Allan Poe

    Edgar Allan Poe, escritor americano, nasceu em 19 de janeiro de 1809. Ficou órfão antes de completar três anos de idade e foi adotado, informalmente, pelo comerciante John Allan (1779-1834). Poe estudou nas melhores escolas e, durante quase um ano, na Universidade da Virgínia, em 1825. Depois se alistou no exército, foi admitido na Academia Militar em West Point, mas não ficou ali por muito tempo. Mais tarde passou a escrever para periódicos nos Estados Unidos. Publicou seu primeiro livro em 1827 — Tamerlão e outros poemas. No entanto, sua poesia mais conhecida é O corvo (The raven), traduzida para o português, pela primeira vez, por Machado de Assis (1839-1908). Entretanto, Poe é mais conhecido pelos seus contos de terror. Autor pertencente ao romantismo sombrio, sua narrativa está associada ao grotesco, irracional e sobrenatural. O autor, principal influência para o simbolismo, morreu em 7 de outubro de 1849.

  • Editorial da 19ª edição

    Muito se fala em novo ciclo, nova jornada, nova fase ou mesmo, nova “energia”. Apesar de tudo isso que se fala do início de um novo ano civil, o que de fato percebemos é que podemos transformar este novo período de contagem do tempo de nossa existência em uma oportunidade real de crescermos, e de certa maneira, evoluirmos como seres humanos capazes de produzir, armazenar e refinar cultura. Este informativo, neste ainda curto período de existência, sempre trabalhou sobre o lema “ler para crescer”, e é com esta motivação que queremos avançar neste novo ano, como uma nau desbravadora neste oceano de cultura já produzida pelos inumeráveis escritores em todo o mundo e de todas as épocas. E fazendo justiça a este entendimento motivacional, neste ano que já iniciamos, a Equipe do O Leitor trabalhará mais arduamente para robustecer este periódico literário, não somente aumentando o número de páginas, mas buscando aprofundar melhor cada escritor e sua obra que escolhe-se destacar nas edições. Por isso, teremos um e no máximo dois nomes a serem trabalhados nas edições deste ano, para que cada edição possa se aprofundar sem querer abranger muitos nomes ao mesmo tempo. Para esta empreitada, já conseguimos até aumentar nosso quadro de colaboradores, o que sempre se faz importante para também transmitir a variedade de interpretação e entendimento acerca dos temas abordados. Resumindo, a partir desta edição, o informativo O Leitor terá um escritor abordado; uma sessão para comemorarmos 50, 100, ou mais séculos de algum escritor ou de alguma obra de reconhecida importância, além da já existente campanha Escreva!, que permanecerá por conta da satisfatória resposta dos leitores. O incentivo para que a leitura constante e permanente se torne um hábito na vida de todos não deve ser encarado como mera utopia, mas como combustível para que, projetos culturais como O Leitor, não percam-se em meio a qualquer desânimo ou suposto silêncio daqueles a quem ele deseja alcançar. Nossa missão sempre será a de levar a todos os espíritos dispostos, a chama do inexprimível hábito da leitura, que não reproduz apenas um hobby, mas revela uma verdadeira ferramenta de saber e evolução. Não espero algo mais prazeroso e ao mesmo tempo totalmente produtivo do que a aventura de amar a leitura, ao ponto de doer-se quando não a poder tê-la consigo por conta de injustas ocupações. Amor à leitura, é sem mais delongas, amar a própria vida em potencial evolução intelectual.

  • Clarice Lispector

    No dia 9 de dezembro de 1977 falecia a escritora Clarice Lispector, e apesar de ter nascido na Ucrânia - coincidentemente a 10 de dezembro -, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século passado. Listamos aqui algumas obras desta escritora para serem pesquisadas e lidas: Perto do Coração Selvagem (1943) O Lustre (1946) A Cidade Sitiada (1949) A Maçã no Escuro (1961) A Paixão segundo G.H. (1964) Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969) Água Viva (1973) A Hora da Estrela (1977) Um Sopro de Vida (1978) Ainda veremos esta grande escritora contemplada em nosso informativo mensal.

  • O Prêmio Nobel de Literatura vai para Jon Fosse

    Reportagem de Jean Duchesne - publicado em 13/10/23 Site Aleteia. No dia 5 de outubro, soubemos que o Prêmio Nobel de Literatura anual seria concedido em 2023 a um norueguês de 64 anos, Jon Fosse, cuja reputação até então era bastante limitada, além de ser um católico minoritário em seu país, como sua compatriota Sigrid Undset, que ganhou o prêmio em 1928. É seguro dizer que, em breve, não falaremos mais sobre ele do que falamos sobre ela hoje. Haveria muitas razões para isso. Mas seria uma pena. Vejamos por quê. Em primeiro lugar, os Prêmios Nobel em geral não são muito importantes. O fundador sueco, Alfred (1833-1896), que dá nome a eles, era um filantropo que permaneceu solteirão, enriquecido por inúmeras invenções patenteadas, em especial explosivos, incluindo a dinamite. Ele imaginava que esse poder (dynamis em grego) era tão destrutivo que ninguém ousaria usá-lo para fins militares e que a paz reinaria no mundo. Mas a dissuasão só funcionou – e de uma forma que continua precária! – até depois da Segunda Guerra Mundial, sob a ameaça ainda mais terrível da bomba atômica. Mas, para entrar para a história como um benfeitor (e não como um “mercador da morte”), Alfred Nobel legou sua fortuna para ser usada todos os anos para recompensar os autores de trabalhos “de maior benefício para a humanidade” em cinco campos: física, química, medicina, literatura e a serviço da paz. Um prêmio de economia foi adicionado em 1968, a esquecida matemática tem a Medalha Fields desde 1936, e agora outras disciplinas científicas, música e arquitetura também têm seus próprios prêmios, semelhantes ao Nobel. Seleções fatalmente questionáveis As escolhas feitas pela Academia Sueca, que concede o prêmio de literatura, às vezes são contestadas. Desde o início (em 1901), o poeta francês Sully Prudhomme, que é pouco apreciado hoje em dia, foi preferido a Zola ou Tolstói. Chekhov, Ibsen, Jack London, Henry James, Proust, Joseph Conrad, Joyce, Virginia Woolf, Paul Valéry, José Luis Borges, Milan Kundera… O júri também evitou autores que teriam desagradado (ou agradado demais) Hitler ou Stalin. Dito isso, seleções desse tipo são inevitavelmente discutíveis: a Académie française desprezou Diderot, Stendhal, Balzac, Baudelaire, Dumas, Maupassant e Verlaine (entre outros, sem mencionar os já mencionados Zola e Proust) e elegeu uma série de honrosos vice-campeões. Flaubert virou as costas para o prêmio, assim como Houellebecq o faz hoje e Sartre recusou o Prêmio Nobel. Dos vencedores mais recentes da Suécia, poucos parecem ter tido (ou encontrado graças a esses prêmios) um impacto significativo na cultura contemporânea: a poeta americana Louise Glück (2020), o tanzaniano anticolonial Abdulrazak Gurnah (2021). Apesar de todo o respeito devido aos testemunhos “autosociobiográficos”, à escrita sóbria e aos compromissos feministas e “de esquerda” da francesa Annie Ernaux, que recebeu o prêmio em 2022, e apesar de seu público internacional de conhecedores, com um bom número de traduções, não é certo que sua obra se tornará uma referência. Será que Jon Fosse será diferente? Dramaturgo, romancista e poeta A princípio, você se pergunta como se pronuncia seu nome. Depois de verificar, dizemos “Ione Fosseu” (acentuando a primeira sílaba). O segundo problema é que ele escreve em nynorsk, um idioma que foi criado no século 19 com a síntese de vários dialetos locais e hoje é falado por cerca de um em cada dez noruegueses, especialmente no sudoeste do país. Como resultado, seus textos são distribuídos principalmente em tradução. Ele começou com o romance, depois passou para o teatro antes de retornar ao romance, e também publicou poemas e histórias infantis. Foi como dramaturgo que ele ganhou reconhecimento internacional. Algumas de suas peças foram encenadas na França por diretores conhecidos (Claude Régy, Patrice Chéreau, Jacques Lassalle) e publicadas em tradução pela editora especializada L’Arche. Escrevendo o indizível Nada disso é tão facilmente acessível. O vocabulário é muito simples (o que levou a falar de “minimalismo” e a comparar Jon Fosse a Samuel Beckett), mas o estilo não é narrativo nem performático. É mais uma questão de monólogos interiores, um pouco como o “fluxo de consciência” definido pelo pensador americano William James (irmão do romancista Henry) e transcrito por Joyce, Virginia Woolf e Faulkner: essas sensações, lembranças e devaneios que percorrem a mente sem nenhuma ordem racional e só podem ser reconstituídos por meio da escrita. Além disso, nem sempre sabemos quem está falando. Diz-se que o livro Septologie tem mais de 1.200 páginas, sem nenhuma pontuação além de algumas vírgulas… Mas Jon Fosse piora a situação ao se declarar um católico devoto. As sete partes do livro Septology (sete como os sete dias da Criação) terminam com a mesma oração a Deus. Nas poucas entrevistas que ele dá (em inglês), que você precisa encontrar na Internet, ele nos conta que, como muitos de sua geração, ele rejeitou o luteranismo nacional em sua juventude e se tornou marxista. Depois, na meia-idade, ele quis se afastar do alcoolismo no qual estava se afundando. E, estimulado por Mestre Eckhart, o místico dominicano medieval, e também pelos filósofos Heidegger e Derrida, ele encontrou no catolicismo (marginal na Noruega), e especialmente na missa e no rosário, além da força para ficar sóbrio, um senso do sagrado e do mistério da graça que é a vida a ser compartilhada, pessoalmente para ele na escrita. Modernidade católica Sua conversão em 2013 não o torna um católico “moderno”: os problemas de governança, abuso clerical e disciplina moral não o atormentam, e ele não parece acreditar que é aí que está o futuro da Igreja. Ele a vê mais como a instituição necessária para as liturgias que introduzem o espiritual e abrem a existência concreta para ele. Ele até a vê como a principal resistência, ainda mais sólida do que a literatura e as artes, à ditadura contemporânea da economia. Entretanto, o que talvez seja mais interessante é que esse católico não moderno é, como tal, claramente moderno, precisamente no campo da literatura, das artes e (de forma mais ampla) da cultura. Sua dívida com Heidegger e Derrida já foi mencionada. Mas o que ele diz estar tentando fazer é surpreendentemente consistente com o que Pablo Picasso e Gertrude Stein, uma americana que estudou com William James e viveu em Paris, tinham em comum, como mostra a atual exposição no Musée du Luxembourg, em Paris. Ao simplificar e decompor as formas, o pintor trabalha da mesma forma que a escritora em seus “retratos em palavras”, em que a insistência repetitiva e a liberdade sintática revelam a essência ou a verdade das coisas e das pessoas. Da mesma forma, a escrita “minimalista” e espontânea do recente ganhador do Prêmio Nobel termina cada um dos sete dias de sua Septology em oração – enquanto o conformismo do alexandrino dominado só permitiu que o primeiro ganhador, Sully Prudhomme, confessasse: “Minha dúvida insulta o Deus dos meus desejos” (“La Prière”, em Les Épreuves, 1866).

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